Programa apresentado em 23 de Novembro de 2008 na BRASÍLIA SUPER RÁDIO FM (89,9MHZ) – aos domingos 11h00min e 22h00min
Uma revisão publicada em novembro corrente, da Nutrition Research junto com um artigo de Outubro de 2008 do Journal of Gerontology: Biological Sciences relatou os resultados positivos das uvas e seus derivados polifenóis na redução do risco cardiovascular. Os polifenóis incluem fitonutrientes como o resveratrol, ácidos fenólicos, antocianinas, flavonóides e antioxidantes existentes nas uvas e outras frutas e vegetais, dotados de vários efeitos terapêuticos. Na revista os pesquisadores australianos Wayne Leifert e Mahinda Abeywardena, avaliaram a crescente evidência de um efeito protetor dos polifenóis das uvas contra o processo inflamatório que ocorre nas doenças cardiovasculares e outras patologias. O estudo em pauta ressalta que o mecanismo primário dos polifenóis da uva, aparentemente, é o de reduzir a oxidação por força das propriedades antioxidante das lipoproteínas de baixa densidade (LDL), além de diminuir a tendência de coagulação sanguínea, regular o ritmo cardíaco e atuar como vasodilatador, possivelmente por efeitos sobre a sinalização celular e atividade dos genes. Embora a maioria das pesquisas referentes aos polifenóis da uva tenham sido de laboratório, os ensaios clínicos demonstraram, com efeito, a melhora dos níveis de colesterol e do fluxo sanguíneo em voluntários humanos. Também a observação de populações que, de costume, consomem vinho tinto apontam uma menor taxa de eventos cardíacos a despeito do hábito alimentar rico em gordura, cujo exemplo é o denominado paradoxo francês. Por sinal, o consumo de uva ou de extratos da Vitis vinífera, nome científico da uva, suco de uva ou vinho podem ser benéficos para a prevenção de doenças degenerativas, sobremodo as doenças cardiovasculares, embora uma pesquisa adicional seja requerida para justificar essa estratégia. Por falar nisso, uma pesquisa da Univ. de Michigan, publicada no Journal of Gerontology, revelou que ratos geneticamente programados para desenvolver hipertensão sensível ao sódio tiveram redução dos níveis pressóricos e melhora da função cardíaca com a ingestão de pó de uva de mesa na ração. O autor do estudo, Michel Seymour e cols. administraram dietas com teores baixos e elevados de sódio e suplementados com o pó de uvas. Alguns animais de controle tomaram drogas antihipertensivas. Após 18 meses de tratamento os ratos tiveram a pressão arterial reduzida e menor índice de inflamação e menos danos no miocárdio comparados com o grupo controle que não recebeu o pó de uvas. O tratamento com os antihipertensivos reduziu a pressão arterial, mas não protegeu o miocárdio dos animais. Estes achados suportam a teoria de que há alguma substância nas uvas que tem um impacto direto sobre o risco cardiovascular, além do efeito de baixar a pressão arterial já conhecido por uma dieta rica em frutas e verduras. Segundo o co-autor Steven Bolling, a seqüência inevitável da hipertensão e da falência cardíaca foi revertida com a adição de pó de uvas a uma dieta rica em sódio. O efeito antihipertensivo pode ter sido causado pelos flavonóides da uva ou por efeito antioxidante direto ou sinalização celular ou por ambos os fatores. Por sinal os flavonóides são abundantes em todas as partes da uva: casca, polpa e sementes, presentes no extrato da uva reduzida a pó. Como se sabe, há muitas variações das pessoas em relação ao sal: alguns toleram outros são resistentes, mas recomenda-se sempre moderar no uso do sal no caso de hipertensão. A Clínica Nutricional tem longa experiência na prescrição de Vitis Vinífera, o extrato de uvas, como preventivo das doenças cardiovasculares. Por hoje e só e até o próximo programa. Dr. Arnoldo Velloso