Já é do conhecimento científico que a insônia crônica associada a noites mal dormidas pode provocar problemas neurológicos, além de aumentar o risco de diabetes tipo 2 e de pressão alta.

Novas pesquisas confirmam estas previsões e alertam que o fato de dormir poucas horas (sem insônia) também tem seus riscos. Um estudo publicado na revista científica Sleep, realizado por uma equipe da Universidade de Warwick e da Universidade Federico II (Inglaterra), observou que a falta de horas de sono está associada a doenças, incluindo doenças cardíacas, pressão alta, obesidade e diabetes. Estes afirmam que mais de 6,3 milhões de mortes no Reino Unido entre maiores de 16 anos são atribuíveis à falta de sono. Os cientistas descobriram que aqueles que sofrem de insônia crônica e descansam menos de seis horas por dia têm um risco quatro vezes maior de morrer do que aqueles que não enfrentam esses problemas. O estudo concluiu que quem dorme pouco tem 12% mais chances de morrer em um prazo de 25 anos do que os que descansam entre seis e oito horas pela noite.

Para Alexandro N. Vgontzas, professor de psiquiatria do Centro Médico de Medicina de Hershey, nos EUA, o resultado deve servir como alerta a população e a classe médica. Pois deve aumentar a conscientização de médicos e cientistas para que queixas como dificuldade de dormir ou insônia sejam diagnosticadas e tratadas adequadamente.

Já uma pesquisa realizada com brasileiros de todas as regiões, idades e classes sociais mostrou que, a cada noite, um terço da população não descansa todas as horas que julga ser necessário. Além disso, os brasileiros têm reclamado que essas noites mal-dormidas afetam sua saúde mental, física e até o desempenho no trabalho. Realizada pelo instituto Ipsos Public Affairs, a pedido da Philips do Brasil, a pesquisa entrevistou 875 pessoas em todo o país. O resultado mostrou que a privação de sono tende a diminuir com a idade e atinge mais as mulheres do que os homens. Segundo a pesquisa, as mulheres são mais preocupadas com a vida, não conseguem dormir bem e os filhos as deixam acordadas durante a noite. Um total de 53% dos entrevistados disse ainda que esse problema atinge sua saúde mental e física, e 48% alegou que prejudica seu desempenho no emprego.

De acordo com os estudiosos do sono, dormir é importante porque ele mantém o organismo regulado e ajuda no sistema de defesa do corpo. Durante este período são liberadas substancias responsáveis por manter o sistema imunológico (proteção) ativo. Pela noite, o sistema de defesa é reorganizado. O indivíduo que não dorme bem tem esse sistema todo desequilibrado, ficando mais sujeito a doenças. Além disso, hormônios como adrenalina e cortisol ficam em níveis mais altos. Essas substâncias estão envolvidas com o estresse e influenciam na pressão arterial do organismo. A privação de sono afeta também a memória e a atenção do indivíduo, deixando a pessoa com baixo rendimento no trabalho e mais suscetível a acidentes (no trabalho, no trânsito, em casa), dentre outros. A importância do sono também se estende ao aprendizado. Na fase REM, quando acontecem os sonhos, as coisas que foram aprendidas durante o dia são processadas e armazenadas. Quando dormimos menos que o necessário, a memória de curto prazo não é processada e não conseguimos transformar em conhecimento aquilo que foi aprendido.

Portanto, dormir bem é fundamental. Os especialistas dizem que a quantidade ideal de horas de sono varia de pessoa para pessoa, sendo o mínimo recomendado de seis horas e o máximo de nove hora (para adultos). Também há a recomendação de escuridão absoluta para que todos os processos metabólicos inerentes ao sono sejam ativados naturalmente.