ÔMEGA 3 NO CONTROLE DO ENVELHECIMENTO

Pesquisadores da Universidade da Califórnia em São Francisco, relataram no JAMA de 10 de janeiro de 2010, que pacientes cardíacos portadores de níveis altos dos Ácidos Graxos (AG) Ômega 3, exibem uma baixa ocorrência de redução de comprimento dos telômeros. Como se sabe, os telômeros, já comentados em programas anteriores, são capas protetoras de sequências de DNA na ponta dos cromossomos que se encurtam com o envelhecimento celular e são marcadores do envelhecimento biológico. Na introdução ao artigo, o autor Ramin Farzaneh-Far e colegas observaram que, múltiplos estudos epidemiológicos com controles estatísticos multivariados, demonstraram altos níveis de sobrevida entre indivíduos com alta ingestão dietética de AG Ômega 3 de origem marinha, que tinham diagnóstico de doenças cardiovasculares. Essa é a razão da American Heart Association recomendar o aumento da ingestão de peixes e o uso de suplementos de Ômega 3, para a prevenção tanto primária como secundária de cardiopatias. Os mecanismos desse efeito protetor ainda não bem esclarecidos, podem resultar de efeitos antiinflamatórios, anti-hipertensivos, antiarrítmicos e de redução de triglicerídeos.

A pesquisa em pauta abrangeu 608 homens e mulheres listados no denominado Heart and Soul Studium que avaliou os efeitos de fatores psicossociais em eventos cardiovasculares. No registro do estudo foram realizadas análises das taxas dos AG eicosapentanóico (EPA) e docosahexanóico (DHA) juntamente com outros parâmetros. Também foi aferida a medida dos telômeros no início e após cinco anos de seguimento. Os pacientes cujos níveis de EPA e DHA estavam mais altos (em 25% do grupo) também tinham a taxa mais lenta de encurtamento do telômero observado no período de 5 anos, ao passo que aqueles que portavam os níveis mais baixos de EPA e DHA exibiam a taxa mais rápida de encurtamento, o que corresponde ao envelhecimento mais acelerado. Os autores notaram que cada unidade de desvio padrão estava associada a 32% de redução na diferença do encurtamento do telômero. Na discussão dos achados, Dr. Farzaneh-Far e colegas observaram, em estudo estatístico de corte transversal, a correlação de telômeros longos com o uso de suplementos nutricionais entre eles o ácido fólico, multivitaminas e as vitaminas C, D e E, estudos esses ainda incompletos por falta das observações longitudinais como foi observado no presente trabalho. Em face do estresse oxidativo ter sido identificado como um fator de encurtamento do telômero e do avanço do envelhecimento, a propriedade dos AG Ômega 3 de reduzir o estresse oxidativo identificada por níveis mais baixos no sangue de um parâmetro, o F2-isoprostano, e também o aumento simultâneo do Ômega 3 pode explicar o benefício observado na presente pesquisa. Nesse estudo longitudinal, foi observado que níveis altos de Ômega 3 foram correlacionados com a desaceleração do encurtamento do telômero durante 5 anos, achado que levanta a possibilidade de que os AG Ômega 3 podem proteger contra o envelhecimento celular em pacientes portadores de doenças coronárias e naturalmente o envelhecimento em geral. A Clínica Nutricional, após exames de sangue, em laboratório associado, faz a correção dos nutrientes em déficit e propõe a suplementação de rotina destes, os AG Ômega 3 e alerta sobre o uso de óleos hidrogenados, que interferem com o metabolismo do Ômega 3, sendo, portanto, prejudiciais. Por hoje é só.

Dr. Arnoldo Velloso
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