No número de Fevereiro de 2009 do Proceedings of the Mayo Clinic, a pesquisadora Jennifer St. Sauver e cols relatam os resultados de um interessante estudo. Ele revelou que homens na faixa etária de 40 a 49 anos com história de disfunção erétil têm um risco significativo de desenvolver patologias cardíacas em comparação com coetâneos não afetados por esse distúrbio. O estudo se fundamentou em uma pesquisa anterior publicada no JAMA, que identificou uma correlação entre a disfunção erétil e o desenvolvimento de doença cardiovascular, mas não incluiu questionários apropriados para a elucidação da disfunção erétil e tampouco fez uma investigação adequada com precisão diagnostica para os problemas cardíacos correlatos. Na pesquisa em pauta, 1.402 homens quando do registro inicial em 1990, do denominado Estudo Olmstead de Sintomas Urinarios e Status de Saude Masculino, foram avaliados com história de disfunção erétil, sem história de problemas cardíacos, em intervalos de dois anos desde Janeiro de 1996 até Dezembro de 2005 mediante questionários validados do ponto de vista estatístico. Eventos cardíacos e angiogramas coronários como base de diagnostico de doença cardíaca foram realizados e documentados. Por sinal, no inicio do estudo, 2.4 % dos participantes entre 40 e 49 anos, 5.6 % dos entre 50 e 59 anos, 17 % daqueles entre 60 e 60 anos e 38.5 na faixa entre 70 e mais anos tinham a história da síndrome da disfunção erétil. Aliás, no período de observação de 10 anos, a doença coronária se desenvolveu em 11 % dos participantes e revelou-se com maior probabilidade de 80% nos homens portadores da síndrome de disfunção erétil. Por sinal, os homens portadores dessa síndrome entre os 40 e 49 anos evidenciaram um risco 50% maior de desenvolver problemas cardíacos do que outros na mesma faixa etária não portadores da disfunção erétil. Vale registrar que o desenvolvimento da doença coronária embora mais alto em homens mais idosos com disfunção erétil comparado com outros não-portadores, as correlações não foram tão evidentes quanto nos homens mais jovens, conforme observou a autora do estudo, da Divisão de Epidemiologia da Clínica Mayo, que evidenciou que a disfunção erétil nos homens mais velhos tem menos valor prognóstico para a evolução futura de problemas cardiovasculares. Por sinal, a formação de placa ou perda da elasticidade que afeta as coronárias ou artérias do coração pode inicialmente mostrar o seu efeito nas artérias penianas com redução do fluxo sanguíneo como um sinal precoce de doença cardíaca. Dessa forma, a disfunção erétil e a doença coronária poderiam ser diferentes manifestações de uma mesma patologia vascular subjacente. Em um editorial anexo afirma o pesquisador Martin Miner, do Hospital Miriam de Providence, Rhode Island, que o resultado do estudo não pode ser superestimado. Embora a disfunção erétil tenha uma ligeira correlação com o desenvolvimento em pacientes acima de 70 anos, ela foi associada com uma incidência 50 vezes maior na faixa de 49 anos a 59 anos, o que abre a possibilidade da progressão da doença cardíaca ser sustada ou retardada com intervenção médica ou nutricional. Observa-se que o processo natural de envelhecimento induz uma disfunção vascular global envolvendo a musculatura lisa e o endotélio e esse distúrbio pode existir sem aterosclerose clinicamente estabelecida. Por sinal, a suplementação do aminoácido arginina pode melhorar a disfunção erétil e outros problemas relacionados com a síntese do óxido nítrico, incluindo a própria arteriosclerose com hipertensão arterial, segundo trabalho de AL Miller, de 2006. Por hoje, é só.

 

 

Dr. Arnoldo Velloso

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